Pergunte ao rato:

notas sobre especiação e metamorfose

Autores

  • Marco Antonio Valentim

Palavras-chave:

evolução, simbiose, xenogênese

Resumo

O ensaio problematiza a teoria darwiniana da origem das espécies por meio de uma interpretação do evolucionismo ameríndio e do neoevolucionismo ocidental. Começa-se por explicar o conceito cosmológico de metamorfose apresentado por Davi Kopenawa em A queda do céu (2015) como base de sua teoria da especiação. Em seguida, procede-se a uma comparação da teoria xamânica yanomami com o evolucionismo moderno, nas diferentes versões de Darwin, Wallace, Kropotkin e Margulis, a fim de avaliar o seu grau de divergência e convergência ontológicas. Em especial, indica-se o conceito de xenogênese, originalmente ficcional, como possível operador de um nexo de passagem entre aqueles diferentes complexos teóricos. Como conclusão, propõe-se a interpretação de um mito kaxinawá de especiação via metamorfose trans-específica.

Biografia do Autor

  • Marco Antonio Valentim

    Doutor em Filosofia. Departamento de Filosofia, Universidade Federal do Paraná (Brasil). Pesquisador do Species – Núcleo de Antropologia Especulativa.

Referências

Agamben, G. (2017/2002). O aberto: o homem e o animal. Tradução de Pedro Mendes. Rio de Janeiro, Brasil: Civilização Brasileira.

Albert, B. (2016). “The Polyglot Forest”. In: B. Krause. Le grand orchestre des animaux. Paris, France: Fondation Cartier, pp. 320-324.

Bergson, H. (2005/1907). A evolução criadora. Tradução de Bento Prado Neto. São Paulo, Brasil: Martins Fontes.

Butler, O. E. (2018/1987). Xenogênese I: Despertar. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo, Brasil: Editora Morro Branco.

Capitrano de Abreu, J. (2015/1914). Rã-txa hu-ni-ku-ĩ: a língua dos Caxinauás. Brasília, Brasil: Senado Federal.

Darwin, C. (1974/1871). A origem do homem e a seleção sexual. Tradução de Attílio Cancian e Eduardo Nunes Ferreira. São Paulo, Brasil: Hemus.

_____. (2018/1859). A origem das espécies por meio de seleção natural, ou A preservação das raças favorecidas na luta pela vida. Organização, apresentação e tradução de Pedro Paulo Pimenta. São Paulo, Brasil: Ubu Editora.

Deleuze, G. & Guattari, F. (1996/1980). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 3. Tradução de Aurélio Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. Rio de Janeiro, Brasil: Editora 34.

Despret, V. (2002). Quand le loup habitera avec l’agneau. Paris, France: Les Empêcheurs de penser en rond.

Faulhaber, P. & Monserrat, R. (orgs.). (2008). Tastevin e a etnografia indígena. Rio de Janeiro, Brasil: Museu do Índio - FUNAI.

Haraway, D. (1989). Primate Visions: Gender, Race, and Nature in the World of Modern Science. New York, USA: Routledge.

_____. (2008). When Species Meet. Minneapolis, USA: University of Minnesota Press.

Jablonka, E. & Lamb, M. J. (2014). Evolution in Four Dimensions: Genetic, Epigenetic, Behavioral, and Symbolic Variation in the History of Life. Cambridge, USA: The MIT Press.

Kopenawa, D. & Albert, B. (2010). La chute du ciel: paroles d’un chaman yanomami. Paris, France: Plon.

_____. (2013). The Falling Sky: Words of a Yanomami Shaman. Translated by Nicholas Elliott and Alison Dundy. Cambridge, USA, London, UK: The Belknap Press of Harvard University Press.

_____. (2015). A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo, Brasil: Companhia das Letras.

Kropotkin, P. (2009/1907). Ajuda mútua: um fator de evolução. Tradução de Waldyr Azevedo Jr. São Sebastião, Brasil: A Senhora Editora.

Lagrou, E. M. (2004). Huni Kuin (Kaxinawá). Povos indígenas no Brasil. Recuperado de: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Huni_Kuin_(Kaxinawá).

Lévi-Strauss, C. (1986/1985). A oleira ciumenta. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo, Brasil: Brasiliense.

_____. (1997/1962). O pensamento selvagem. Tradução de Tânia Pellegrini. Campinas, Brasil: Papirus.

Lévi-Strauss, C. & Eribon, D. (2005/1988). De perto e de longe. Tradução de Léa Mello e Julieta Leite. São Paulo, Brasil: Cosac Naify.

Margulis, L. (1998). Symbiotic Planet: A New Look at Evolution. New York, USA: Basic Books.

_____. (2001/1985). “Os primórdios da vida: os micróbios têm prioridade”. In: W. I. Thompson (org.). Gaia: uma teoria do conhecimento. São Paulo, Brasil: Gaia, pp. 91-101.

Nagel, T. (1974). What Is Like to Be a Bat?. The Philosophical Review, 83(4), pp. 435-450.

Pimenta, P. P. (2018). A trama da natureza: organismo e finalidade na época da Ilustração. São Paulo, Brasil: Editora Unesp.

Santos, R. S. R. dos & Carrapiço, F. (2011). “Darwin and Mereschkowsky: Two Images, Two Evolutionaty Concepts”. In: A. L. Pereira, J. R. Pita & P. R. Fonseca (orgs.). Darwin, Evolution, Evolutionisms. Coimbra, Portugal: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 95-100.

Valentim, M. A. (2018). Extramundanidade e sobrenatureza: ensaios de ontologia infundamental. Desterro [Florianópolis], Brasil: Cultura e Barbárie.

Viveiros de Castro, E. (2002). A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo, Brasil: Cosac Naify.

_____. (2006). A floresta de cristal: notas sobre a ontologia dos espíritos amazônicos. Cadernos de Campo, 14/15, pp. 319-338.

____. (2015). Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo, Brasil: Cosac Naify, n-1 Edições.

Wallace, A. R. (2012). Darwinismo: uma exposição da teoria da seleção natural com algumas de suas aplicações. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo, Brasil: Edusp.

Publicado

2019-12-01

Edição

Seção

ARTÍCULOS

Como Citar

Pergunte ao rato:: notas sobre especiação e metamorfose. (2019). Revista Latinoamericana De Estudios Críticos Animales, 6(2). https://revistaleca.org/index.php/leca/article/view/253