Sobre a sexta extinção (II)
Da domesticação à sexta extinção
Palavras-chave:
Antropoceno, domesticação, agricultura, religião, legitimaçãoResumo
Neste segundo trabalho sobre a sexta extinção (e II), expõem-se primeiramente (1) algumas hipóteses que permitem situar suas origens nas práticas agrícolas do neolítico, para depois explicar sucintamente algumas das consequências da domesticação sobre as espécies não domésticas e sua diversidade. Em seguida, (2) aborda-se a hipóteses de Cauvin, que postula revoluções mentais e mudanças simbólicas de ordem religiosa e antropomórfica como causas da agricultura e da domesticação da natureza. Logo (3) de contrapor tais hipóteses mentalistas com explicações darwinistas que atribuem à domesticação uma relação simbiótica e co-evolutiva, (4) tenta-se interpretar as teses de Cauvin em termos de razões que legitimam religiosamente a domesticação e não de causas que a geram, incluindo alguns textos do Pentateuco que ilustram tal justificação religiosa da produtividade agrícola. Em (5) explica-se a legitimação filosófica da domesticação da natureza através de dicotomias excludentes como uma justificação do status quo cristalizado na revolução neolítica. Em seguida (6) justificam-se alguns argumentos que vinculam tais dicotomias filosóficas com dependências, medos e obsessões próprias das patologias de desenvolvimento, para finalmente (7) relacionar a sexta extinção com as fantasias infantis de onipotência. Ao fim, interpretaremos um texto de O Mal Estar na Cultura em que Freud vincula os deuses das religiões humanas com ideais civilizatórios conectados à domesticação total da natureza e à desaparição dos perigos que representam tudo aquilo que seja selvagem.
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