Humanos e não-humanos, natureza e cultura

O “ciclo maldito” do pensamento ocidental moderno

Autores

  • Annamaria Rivera Universidad de Bari
  • Anahí Gabriela González
  • Walter Casella

Palavras-chave:

natureza, cultura, animais não-humanos, antropologia, bestialização, racismo

Resumo

O pensamento ocidental moderno, apesar de certas exceções, dentre elas algumas ilustres (pensemos em Montaigne), tem-se caracterizado por uma tendência a pensar não só em termos dicotômicos a relação entre a natureza e a cultura, entre os humanos e os não-humanos, mas também a distinguir e separar os sujeitos humanos dos objetos não-humanos, geralmente considerados sem "mundo”, sem "cultura" ou "história", inclusive sem inteligência e sensibilidade. Essas dicotomias são geralmente organizadas com base em oposições binárias, tais como inato/adquirido, instinto/inteligência ou hereditariedade/ meio ambiente. Tal pensamento também influenciou a antropologia científica contemporânea que se centra no conceito de cultura, o qual se fundamenta, em grande medida, nesta lógica dicotômica: uma lógica que deriva de uma ontologia muito particular, pois carece de um sentido que seja capaz de abarcar todas as outras culturas – ou grande parte delas – as quais se caracterizam pelo sentimento de proximidade e de comunidade em relação a outros seres vivos. A dicotomia humanidade/animalidade é muitas vezes o alicerce da distinção nós/outros e da construção da identidade abarcada em "nós". No contexto Ocidental, em particular, a metáfora do animal é utilizada para desvalorizar, estigmatizar e diminuir os outros ou o outro gênero, até mesmo para transformá-los em bestas. Isso seria o suficiente para compreendermos que existe continuidade entre o especismo, o racismo e o sexismo.

Biografia do Autor

  • Anahí Gabriela González

    Doctoranda en Filosofía en cotutela por la Universidad de Paris 8 y la Universidad Nacional de San Martín. Docente de la Universidad Nacional de San Juan

  • Walter Casella

    Psicólogo Social, Escuela de Psicología Social Dr Enrique Pichón-Riviere, Bs. As., Argentina. Estudios de literatura comparada Francés-Español, Université de Montréal

Referências

Adorno T. W. et M. Horkheimer, Dialectique de la raison, E. Kaufholz [trad], Paris, Gallimard [tel], 1974 [1947].

Adorno T. W., Mínima moralia. Meditazione della vita offesa, Turín, Einaudi, 1979

Adorno, T. W. Minima moralia. Réflexions sur la vie mutilée, E. Kaufholz et J-R Ladmiral [trad], Paris Payot, 1980].

Balandier G., Le Désordre. Éloge du mouvement, Paris, Fayard, 1988

Balibar E., « Racisme et nationalisme », dans E. Balibar et I. Wallerstein, Race, nation, classe. Les identités ambigües, Paris, La Découverte, p.54-92.

Bataille G., La part maudite, antérieur de La Notion de dépense, Paris, Ed. De Minuit, 1967.

Burgat F. « La logique de la légitimation de la violence : animalité vs humanité » dans F. Heritier [dir] De la violence II, Paris O. Jacob, 1999, p. 45-62.

Burgio A., L’invenzione delle razze. Studi sul razzismo e il revisionismo storico, Roma, Manifestolibri, 1998.

Descola P., Par-delà nature et culture, Paris, Gallimard [Bibliothèque des sciences humaines], 2005.

Descola, P « Des proies bienveillantes. Le traitement du gibier dans la chasse amazonienne », dans F. Heritier [dir]. De la violence ll, Paris, O. Jacob, 1999.

Detienne M., « Dionysos », en Y. Bonnefoy [dir] Dictionnaire des mythologies, Paris, Flammarion, 1981.

Fiorani E. «Domestico –selvaggio » en R. Marchesini [Dir.], Zoo antropología. Animali e umani: analisi di un raporto, Come, Red edizioni, 199, p.188-214

Guillaumin C, Sexe, race et pratique du pouvoir. L’idée de Nature, Paris, Cote-femmes, 1992

Hell B., Le sang noir. Chasses-y mythe du Sauvage en Europe, Paris, Flammarion, p. 120-130 et M.-H. Champion, « la lycanthropie », en B. Cyrulnik [dir], Si les lions pouvaient parler. Essais sur la condition animale, Paris, Gallimard, 1998, p. 1394-1405.

La Vergata A., «Ir diávolo e il babbuino. L’uomo, la bestia e il darwinismo», en L. Battaglia [Dir.], Lo specchio oscuro: gli animali nell’immaginario degli oumimi, Turín, Sayagraha, 1993, p. 119-134.

Levi P., I sommersi e i salvati, Turin, Enaudi, 1986.

Levi Strauss C., Structures élémentaires de la parente, Paris, Ed. De L’EHESSS. Este prologo fue reeditado en C. Levi Strauss, Antropología estructurales, Paris, Plon, 1973, reed. Pocket [Ágora], 1998.

Lyotard J.-F., Le Differend, Paris, Ed de Minuit, 1984.

Morin E., La nature de la nature, Paris, Seuil, 1977.

Ortiz F., El engaño de las razas, La habana Editorial de Ciencias Sociales, 1975 [1946]

Poliakov L. [dir], Hommes et bêtes. Entretiens sur le racisme, po.cit. p.9 [prefacio].

Poliakov L. [dir]. « Les fantasmes des êtres hybrides et la hiérarchie des races aux XXVIII et XIX siècles ». Dans id., Hommes et bêtes. Entretiens sur le racisme, Paris-La Haye, Mouton, 1975, p. 167-181 [p.174].

Thomas K., Dans le jardin de la nature. La mutation des sensibilités en Angleterre a l’époque moderne [1500-1800], Paris, Gallimard, 1985 [1983]

Wagner R., L’invenzione della cultura [The invention of Culture, Chicago, The University of Chicago Press, 1975, Ed revisada 1981], Milan, Mursia, 1992.

Publicado

2016-12-01

Edição

Seção

ARTIGOS ECAs

Como Citar

Humanos e não-humanos, natureza e cultura: O “ciclo maldito” do pensamento ocidental moderno. (2016). Revista Latinoamericana De Estudios Críticos Animales, 3(2). https://revistaleca.org/index.php/leca/article/view/122