Masculinidades veganas entre virilidade, heterocentrismo e homofobia:
estigmatização e estratégias de resposta ao discurso público e privado
Palavras-chave:
estudos críticos animais, queer, masculinidades, veganismo, veganofobiaResumo
O presente artigo busca investigar a relação entre a subjetivação masculina e a difusão do veganismo/vegetarianismo como uma prática alimentar, um estilo de consumo e uma questão política. Com efeito, a recusa de comer corpos de animais (ou produtos derivados da exploração de tais corpos) tem um impacto particular tanto na percepção pública dos modelos masculinos, quanto na percepção particular do próprio corpo, sexualidade e posicionamento no que tange ao gênero e à orientação sexual.
Particularmente, a relação entre o consumo da carne e a “masculinidade” tradicional, entre a norma sacrificial e a norma heterossexual, é central. A dieta baseada na carne, cuja associação com a virilidade tem sido detectada e documentada por várias autoras ecofeministas, pode ser considerada como um dispositivo para a reprodução da norma heterossexual e, ao mesmo tempo, para a norma sacrificial. O gesto de não se alimentar da carne – um gesto cheio de consequências para o corpo e para as relações interpessoais – é, sendo assim, objeto de um estigma, um estigma que, no caso do veganismo masculino, assume conotações homofóbicas e misóginas. Através de uma pesquisa sobre as estratégias de resposta dos veganos às acusações de baixa virilidade ou homossexualidade, proponho o desenvolvimento de uma estratégia discursiva alternativa que pode ser capaz de simultaneamente desafiar o antropocentrismo e o heterocentrismo.
Referências
Adams, C. J. (1990), The Sexual Politics of Meat. A Feminist-Vegetarian Critical Theory, Continuum, London-New York.
Asher, K., Cherry, E. (2015), Home Is Where the Food Is: Barriers to Vegetarianism and Veganism in the Domestic Sphere, Journal for Critical Animal Studies, 13(1): 66-91.
Cole, M. and Morgan, K. (2011), Vegaphobia: derogatory discourses of veganism and the reproduction of speciesism in UK national newspapers, The British Journal of Sociology, 62: 134-153.
Cudworth E. (2010), Most Farmers prefer Blondes: The Dynamics of Antroparchy in Animal’s Becoming Meat, Journal for Critical Animal Studies, 6(4): 32-45.
Dell'Aversano, C. (2010), The Love Whose Name Cannot Be Spoken: Queerin the Human-Animal Bond, Journal for Critical Animal Studies, 8(1/2): 9-53.
Deckha, M. (2008), Disturbing Images: PETA and the Feminist Ethics of Animal Advocacy, Ethics and the Environment, 13(2): 35-76.
Filippi, M. (2017), Questioni di specie, elèuthera, Milano
Foucault, M. (1988), Technologies of the Self: A Seminar with Michel Foucault, University of Massachusetts Press, Ahmerst.
Greenebaum, J. B. (2012), Managing Impressions: ‘Face-Saving’ Strategies of Vegetarians and Vegans, Humanity & Society, 36(4): 309–325.
Il Fatto Quotidiano, 3 luglio 2016, "Pontedera: bimbo ricoverato al Meyer per denutrizione. Indagati i genitori vegani".
Il Giornale, 15 ottobre 2015, "Dieta vegana al bimbo di due anni: ricoverato in ospedale".
Il Giornale, 30 giugno 2016, "Quando una mamma vegana fa quasi morire la figlioletta".
Minson, J. A., Monin B. (2012), Do-Gooder Derogation: Disparaging Morally Motivated Minorities to Defuse Anticipated Reproach, Social Psychological and Personality Science, 3(2): 200-207.
Perlo, K. (2007), Extrinsic and Intrinsic Arguments: Strategies for Promoting Animal Rights, Journal for Critical Animal Studies, 5(1): 1-14.
P.E.T.A. (2011), A Vegan Diet Can Help With Impotence, www.peta.org.
P.E.T.A. (2016), Last Longer, video, www.peta.org.
Potts, A., Jovian Parry (2010), Vegan Sexuality: Challenging Heteronormative Masculinity through Meat-free Sex, Feminism & Psychology, 20(1): 53-72.
Righetti, N. (2016), L'inchiostro digitale è vegano? La rappresentazione del veganismo sulla stampa, Cambio - Rivista sulle trasformazioni sociali, 6(11): 181-194.
Simonsen, R. R. (2012), A Queer Vegan Manifesto, Journal for Critical Animal Studies, 10(3), 51-81.
Taylor, C. (2010), Foucault and the Ethics of Eating, Foucault Studies, 9, 71-88.
Taylor, C. (2012), Abnormal Appetites: Foucault, Atwood, and the Normalization of an Animal-Based Diet, Journal for Critical Animal Studies, 10(4), 130-148.
Twine, R. (2014), Vegan Killjoys at the Table—Contesting Happiness and Negotiating Relationships with Food Practices, Societies, 4(4): 623–639.
Vegefobia, blog italiano, http://it.vegephobia.info.
Vegefobia, blog francese, http://fr.vegephobia.info.
Volpe, A. (2012), Mostri animalisti, Liberazioni - Rivista di critica antispecista, 10: 58-64.
Zappino, F. (2015a), Norma sacrificale / norma eterosessule, in Filippi, M., Reggio, M. (a cura di), Corpi che non contano. Judith Butler e gli animali, Mimesis, Milano-Udine: 75-90.
Zappino, F. (2015b), Non è questione di gusti. Intervista a cura di Marco Reggio e Massimo Filippi, Liberazioni - Rivista di critica antispecista, 21: 108-122.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
La Revista Latinoamericana de Estudios Críticos Animales con ISSN 2346-920X se adhiere a las diferentes iniciativas que promueven el acceso libre al conocimiento, por lo que todos los contenidos de la misma son de acceso libre y gratuito y publicados bajo la licencia Creative Commons, que permite su difusión pero impide la alteración de la obra e incluye siempre mención al autor/a y fuente.
Es decir, una licencia de tipo Atribución-NoComercial-SinObraDerivada.
Por ello, los correos electrónicos de los autores se encontrarán a disposición de los lectores, en caso de que deseen contactarlos personalmente.