O lado escuro do cão ao meio-dia da pós-exploração
Palavras-chave:
transformação animal, pós-humanismo, voz animal e literatura, domesticação, pós-exploraçãoResumo
O ser humano ainda é incapaz de escutar a voz animal como um discurso alternativo e legítimo. Decerto, o referido tema não diz respeito ao desenvolvimento de aspectos científicos ou tecnológicos, mas à forma na qual o homem pensa sobre si mesmo e, por consequência, à maneira na qual o homem pensa o mundo e se relaciona com ele. Se não podemos ouvir o animal, então se faz necessário pensar no animal; pois quando se pensa no animal, é muito provável que se pode ouvi-lo. No caso dos animais domésticos, parece que a domesticação nos exime deste pensar, já que, em alguma medida, o homem se ocupa e cuida de tais animais. Entretanto, por detrás da vida dos animais, como a do cachorro, deparamo-nos com um paradoxo: perante nossa vista produz-se uma exploração que ninguém vê. Nas últimas décadas, a filosofia tomou um rumo que começou a descentralizar o ser humano. Sem dúvida alguma, as implicações éticas deste movimento já estão favorecendo o pensamento que torna possível ouvir o animal. Além disso, a literatura, que sempre pensou nos animais de muitas maneiras, constitui um interessante material de apoio para analisar o problema. A investigação do presente ensaio se sustenta, justamente, na confluência das duas abordagens supracitadas, a filosofia e a literatura.
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