Cenas domésticas e a espécie em disputa:
sobre Judith Butler e os outros animais
Palavras-chave:
animais, performatividade, ética animal, sexualidade transgênero, teoria queer, interseccionalidadeResumo
Neste trabalho, busco iluminar a obscura região na qual habitam os outros animais na filosofia de Judith Butler e, ao fazê-lo, demonstro porque a inclusão dos animais não- humanos é fundamental para o domínio da ética, já que sem esta inserção o privilégio normativo do homem branco heterossexual ocidental é inevitavelmente reforçado. Através de um engajamento crítico com o trabalho de Butler, logo se torna claro que a constituição do sujeito humano depende, de fato, da inculcação de uma rede normativa de "ideais que matam", os quais excluem animais, mulheres e pessoas de cor. Em contraste com Butler, no entanto, argumento que "o humano" nunca é o simples efeito de um poder reprodutivo e regulador, mas antes que a "humanidade" é em si mesma uma norma reguladora – aliás, uma norma por meio da qual todas as outras normas devem passar com a finalidade de se produzirem enquanto "naturais". Como resultado, argumento que a responsabilidade ética exige que o "eu" coloque o seu si mesmo em risco, na medida em que socialmente julgado como inviável e, portanto, não-humano. Em outras palavras, responder de modo ético necessariamente implica o risco de se tornar irreconhecível - como exemplificado aqui pela vida, e morte prematura, de Vénus Xtravaganza - no interior das estruturas de significado que reproduzem modos viáveis de ser.
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